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A Fábula do Rato segundo Carlos Rogério.

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Toda vez que leio uma fábula, lembro que elas são pequenas estórias com animais como personagens e que apresentam situações que nos passam algum ensinamento ou lição. Eu já conhecia algumas fábulas maravilhosas, e aumentei o meu repertório quando minha esposa lia um livro dessas histórias para meus filhos, quando ainda eram crianças, antes de eles dormirem. Ela sempre terminava as estórias sem que eles pregarem os olhos, ligados na narrativa, e invariavelmente tinha de mandar os meninos dormir.

Se você prestar bem atenção, as fábulas realmente são fabulosas no que se refere a serem maravilhosas, admiráveis, grandiosas e incríveis. Gosto muito de uma que já conhecia. Mas eu ainda não lhe tinha dado a devida atenção, até que tive de contá-la e…Adoraria ter escrito a fábula ou dar o crédito a quem de direito, mas reza a lenda que é de um autor desconhecido. Observação: Talvez seja minha mesmo, sou autor e desconhecido, talvez não o mesmo da fábula.

Ok, chega de enrolação e vamos a ela:

“ Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo no tipo de comida que haveria ali.  Ao descobrir que era uma ratoeira, ficou aterrorizado. Correu ao pátio da fazenda e advertiu a todos:– Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa! A galinha disse: Desculpe-me, Sr. Rato, eu entendo que isso seja um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda. O rato foi até o porco e disse: – Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira! O porco respondeu:– Desculpe-me, Sr. Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar. Fique tranquilo que o Sr.  será lembrado nas minhas orações. O rato dirigiu-se à vaca. E ela lhe disse:– O quê? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não! Então, o rato voltou para casa abatido para encarar a ratoeira. Naquela noite, ouviu-se um barulho, como o da ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pegado. No escuro, ela não viu que a ratoeira havia pegado a cauda de uma cobra venenosa. E a cobra picou a mulher… O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que, para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal. Como a doença da mulher continuava, os amigos e os vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los, o fazendeiro matou o porco. A mulher não melhorou e acabou morrendo. Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro então sacrificou a vaca, para alimentar todo aquele povo. Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se de que, quando há uma ratoeira na casa, toda a fazenda corre risco. O problema de um é problema de todos.”

Por que você transcreveu tão linda fábula, perguntará você, caro leitor. Bem, contei-a para falar de como essa fábula se tornou uma história logo comigo. Em uma reunião de staff meeting contei a fábula do rato, referindo-se ao apetite do meu chefe oversea em me demitir por razões políticas e para garantir a posição dele, pois a empresa estava sendo vendida, onde o conhecido era eu e não ele. Como na fábula, todos os diretores na reunião riram e falaram: o azar é só seu, ratoeira é só para ratos e você que resolva o seu problema. Fiquei muito chateado com a situação. Afinal, melhorei muito a empresa, tinha um ótimo relacionamento com os diretores (exceto com o Diretor Industrial) e os caras iam me deixar na mão na hora em que eu mais precisava. Para meu azar, a ratoeira me pegou em cheio, diferentemente da fábula. Mas todos respiraram aliviados com a minha demissão, como na fábula. Mas, afinal, fábula que é fabula tem de conter algum ensinamento ou lição. Não foi assim que vocês aprenderam? Logo após a minha saída, pegaram o porco, ou melhor, o Diretor Industrial de uma outra unidade. Mais um pouco e pegaram a galinha, quero dizer, o diretor financeiro. Na minha história – porque ela é minha, ou seja, do autor ainda desconhecido – sobraram umas cobras e umas aves de rapina. Com o passar do tempo, elas perderam os dentes, o viço e o poder. Aqui no céu dos ratos para onde fui, claro, circulam notícias de que a fábrica (a Fazenda) está com os dias contados.

Por que contei a fábula e a história? É para você pensar que, mesmo perdendo um insignificante elo-rato da corrente, a corrente fica mais fraca e pode se romper. Se ela se rompe, você vai junto ou fica quebrado e escanteado, sem nenhuma grande função. Fui claro? Espero que sim.

Ratogério.

Do livro- Crônicas de RH- Eu, os psicopatas e o RH.

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