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“Lollipop moments”: Fazendo a diferença

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Durante seu curso de Economia, meu filho me descreveu uma passagem sobre um texto que discutiu e que me deixou bastante motivado. Trata-se da história do surgimento da expressão lollipop moments, ou “momentos pirulito”, e seu significado na vida das pessoas. Resolvi ir atrás do assunto e fazer algumas considerações sobre ele. Se você quiser ver a íntegra de uma palestra de Drew Dudley, o autor que cunhou a expressão, vai encontrá-la no site do TED (www.ted.com).

Escolhi para este artigo um trecho que meu filho traduziu sobre o momento pirulito escrito por um jovem chamado John Davis, cuja íntegra está no site Elements2lead (www.elements2lead.com).

O trecho é: “Muitas vezes achamos que é necessário algum título importante ou algum ato revolucionário para ser um líder. Eu acredito, porém, que a verdadeira liderança é entender como podemos a qualquer momento impactar a vida de todos aqueles que encontramos e como podemos ser exemplos em nossas vidas cotidianas. Drew Dudley conta a história de uma jovem garota que no seu primeiro dia na faculdade tinha certeza de não estar preparada para a vida universitária e estava na iminência de largar a faculdade. Já prestes a sair da fila da matrícula, ela encontrou Drew. Ele estava promovendo uma organização de caridade e a fez rir ao contar algumas piadas e ao fazer outro garoto entregar um pirulito para ela. Aquele foi um momento de virada na vida da garota: essa pequena conversa foi o bastante para convencê-la a não deixar a faculdade. Ela estava à espera de um ‘sinal’ para decidir se ficaria ou não na faculdade e aquele pequeno momento a ajudou a tomar a decisão. Quatro anos depois, quando ela descobriu que Dudley iria se formar, resolveu contar-lhe quão importante aquele momento tinha sido para a vida dela. Isso inspirou Dudley a viajar pelo mundo contando a história de seu ‘momento pirulito’, ou seja, um momento especial que criamos e muitas vezes nem ao menos temos ideia dele. Mas quando alguém nos conta sobre um desses momentos, percebemos quão importantes eles são. Eu me pergunto o que aconteceria se começássemos a contar essas histórias uns para os outros.”

Como profissional de RH, vivi vários processos de merge e aquisição. Nesse que descrevo estávamos na incômoda posição de comprados e a decisão de quem ficaria no comando era evidente: a empresa que nos comprou. Tínhamos que nos deslocar para outra cidade a fim de participar das reuniões de integração de sistemas, processos, política, benefícios e uma série de assuntos ligados à aquisição. Toda vez era a mesma coisa. Chegávamos muito cedo para participar de reuniões com nossos “pares”, mas ninguém da empresa compradora aparecia. Ficávamos esperando sem que alguém viesse nos receber, numa situação desconfortável, sem local para ficar, sem crachás, sem vale-refeição, sem aquela moedinha especial para tomar café nas máquinas maravilhosas e sem a simpatia dos compradores. Mas o momento pirulito veio quando o Alfredo, um funcionário da empresa compradora, procurou tornar menos dolorosa nossa sorte. Arranjava as moedinhas do café, repartia sua baia, arranjava pontos de rede e saía de suas reuniões para nos levar para almoçar nos restaurantes das cercanias da nova cidade. Num desses momentos, até recebi dele como presente um blusão da empresa. Ele foi o nosso anjo da guarda até que aquela agonia passasse. Para mim, a agonia durou três meses até a minha demissão. Algum tempo se passou e a única boa lembrança que tenho da empresa compradora e do modo como procederam com os funcionários da empresa comprada é o Alfredo, pessoa que, por meio de sua generosidade, conseguiu amenizar nosso sofrimento. Obrigado, Alfredo, por esse momento pirulito!

Você já proporcionou algum momento pirulito para alguém?

Alguém já proporcionou algum momento pirulito para você?

Você tem ideia da força que um momento pirulito pode fazer na sua vida ou na vida de alguém?

Enquanto você pensa, vou falar de dois outros momentos pirulitos em minha vida, mas dos quais só me dei conta muitos anos após os fatos terem ocorrido.

Minha vida foi dura como a de muita gente. Vim de família pobre, passando por dificuldades. O momento que vou descrever foi por volta dos meus 19 anos de idade. Essa não foi uma das melhores épocas da minha vida: minha mãe havia morrido, fui para o Exército (obrigatório), saí do cursinho por falta de dinheiro e de tempo. As dificuldades eram tantas que a menor das minhas preocupações era o meu aniversário. Para quem me conhece bem, sabe que eu deveria mesmo estar muito mal para não me preocupar com o meu próprio aniversário!!! Nesse momento, um dos meus amigos, o Horácio, se prontificou a fazer um programa de aniversário comigo: almoçar e ir ao cinema e passear pelo shopping, tudo por conta dele. Se fosse em uma época onde meu cérebro estivesse ativo, teria notado a ausência dos outros amigos. Fui meio sonâmbulo, pois nessa época as coisas que eu mais gostava era a liberdade, dormir e comer. No final da tarde, o Horácio resolveu que deveríamos passar pela casa de outro amigo, o Masili. Segui sem pestanejar. Ao entrar, uma grande festa surpresa estava preparada. O requinte da festa ia do bolo aos salgadinhos e da reunião dos meus amigos de várias turmas da escola, da rua onde eu morava e o meu irmão: estavam todos lá! Não esqueceram ninguém. Foram perfeitos. De novo, num momento triste da minha vida me proporcionaram uma festa muito maior do que aquela que eles fizeram. Obrigado, Horácio, Masili, Dona Iva (mãe do Masili), Cláudio, Valtinho, Araia, Ney, Tuca e Tadeu!

Saí do Exército, ainda sem rumo definido, e um amigo bem mais velho me arrumou um emprego. Na hora, não entendi a grandeza e a diferença que isso fez na minha vida. Fui trabalhar como auxiliar de serviços gerais no Departamento de Pessoal nas Indústrias Reunidas Matarazzo. Andava duas horas de ônibus elétrico para ir e duas horas para voltar, comia de marmita e o que eu ganhava dava para pagar exatamente o valor da mensalidade da faculdade. Nesse trabalho, tive o primeiro contato com a área de salários, na qual me tornei um especialista anos depois. Só vim a descobrir que esse foi um momento pirulito quando fui trabalhar em uma empresa de TI, fui várias vezes ao exterior e me tornei um executivo de RH. Agradeço a João Sarti Júnior por esse momento pirulito.

Poderia escrever várias páginas sobre momentos pirulito recebidos e proporcionados.

Agradeceria se você pudesse expandir e partilhar os seus momentos pirulito. Com certeza, a vida ficará bem mais doce!