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O Futebol e o RH

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O RH e o futebol

Impossível falar em empresas sem falar de futebol. Seja pelo cafezinho na segunda de manhã, em que alguns cantam vitórias, felizes da vida, e outros amaldiçoam o técnico, a falta de sorte ou o juiz ladrão, claro!

Além dessa celeuma que já faz parte do cotidiano das empresas, temos os campeonatos internos de futebol de campo ou de salão (o futsal). O flagelo dos desfalques para as empresas do exército de funcionários lesionados nesses campeonatos é o terror do RH.

Eu, como os demais, sempre atuei nesses campeonatos, tanto na organização como um grande astro de segunda linha. Assim como os demais, me quebrei – ou melhor, fui quebrado – várias vezes.

Mesmo não tendo sido um grande astro do futebol, tenho várias histórias de glórias e desgraças, além de momentos memoráveis e dignos de registro, mais pelo folclore do que por qualquer outra coisa.

A correlação que faço entre o futebol e o RH é das mais óbvias. Temos o capitão do time, o técnico, o goleiro, o centroavante, o massagista, o pessoal que faz o meio do campo, o juiz, o que ataca e o que defende. Assim como em qualquer empresa, alguns jogam para o time, outros jogam para si mesmos, outros para a torcida, e há jogador que nem sabe por que está lá, mas é amigo do técnico ou filho do dono do time ou da bola.

Quando eu era um jovem analista de Cargos e Salários, 1,92 m, 90 quilos, bonito…, jogava pelo famoso RH + ou -, nome do time e definição de nossa competência futebolística. Não passávamos das oitavas de final, mas houve um dia inesquecível. Nosso time de futsal tinha seis jogadores relacionados (cinco entram em quadra, um goleiro e quatro jogadores de linha) e, nesse dia, dois faltaram. Eu, que era o pivô, fui então escalado para jogar no gol, e três colegas jogaram na linha. Vesti uma camisa de goleiro amarelo-canário, com luvas vermelhas, e a torcida adversária me apelidou carinhosamente de Capitão Gay, personagem criado pelo Jô Soares, um super-herói homossexual que vestia roupas extravagantes, iguais às minhas. Para não fugir à regra, embora minha performance como goleiro, é claro, tenha sido excelente, perdemos por 3 x 0 e fomos mais uma vez desclassificados, sob os gritos calorosos da torcida adversária para o Capitão Gay.

Com minha ascensão no futebol, meu passe foi comprado pelo famoso SAGA F. C., ou seja, Saco de Gatos Futebol Clube. Uma colcha de retalhos composta por jogadores de vários departamentos que não tiveram uma chance real dentro no time de futebol do seu departamento. O time era formado por um bando de rebeldes que discutiam entre si, com os adversários, o juiz e o mundo. Era o time mais indisciplinado, faltoso e com o maior número de jogadores expulsos. Tínhamos vários recordes, quase nenhum positivo. A maior façanha do time além de ter vários jogadores serem expulsos do banco de reservas foi ser vice-campeão de um dos campeonatos, perdendo, é claro, para o pessoal da Produção. Não duramos muito, pois éramos melhores criando caso do que criando jogadas. Quanto ao pessoal da Produção, aliás, vale registrar a rixa incrível que havia entre eles e o pessoal administrativo.

Foi também nessa empresa que atingi o ápice da minha carreira futebolística integrando o poderoso Mistura Fina, mesmo sendo um reserva de luxo. Meu maior feito foi conquistar a artilharia do campeonato sendo reserva do incrível analista do Centro de Processamento de Dados (CPD). Dessa vez conseguimos quebrar a hegemonia da Produção, que já durava muitos anos.

Nesse time, o importante era a integração entre os jogadores e, consequentemente, dos funcionários dentro da empresa. A sinergia conseguida era incrível e facilitava muito nosso serviço dentro da empresa. Nossa escalação também era uma mistura fina. O goleiro era o meu chefe. Na linha tínhamos personagens peculiares. O chefe dos Serviços Gerais, excelente guitarrista, fã dos Beatles e boleiro nos finais de semana, além de ótimo conhecedor e bebedor de uísques; o gerente comercial, jogador habilidoso e tinhoso, além de campeão de vendas (todos diziam que ele tinha iniciado sua carreira de jogador na Ferroviária de Araraquara e, devido a uma contusão, retirou-se dos gramados); o matador do CPD e do time, que trabalhava de madrugada e garantia o funcionamento dos computadores da empresa (era um misto de baixo peso, nariz muito grande e grande habilidades futebolísticas; até hoje ninguém sabe em que ele era melhor: futebol ou CPD?); completava o time um funcionário da Contabilidade, que apresentava um futebol extremamente eficiente e burocrático comparado ao seu serviço no departamento . Na reserva, além de mim, tínhamos o loiro galã, supervisor de CPD.

Fomos campeões e eu fui o artilheiro do campeonato nesse ano. Meu fim glorioso nesse time se deu por dois motivos: contusões e minha demissão, pelo corte na estrutura da empresa. Essa acho que foi uma das contusões mais doloridas.